Sou Alina Perlman, escritora, nascida em São Paulo. Sou uma leitora glutona, uma consumidora voraz de livros. Compro muito e nunca consigo encontrar tempo suficiente para colocar a leitura em dia. Acho até que isso não vai acontecer nunca! Tenho um pequeno armário carregado de livros não lidos esperando, pacientemente, a sua vez.
São mais pacientes que eu, que volta e meia ataco (com carinho) o armário, tiro meia dúzia de livros, escolho um ou dois e coloco os demais de volta. Sem contar que sempre aparece algum novo pedindo pra vir morar com “a turma”. Fora isso, tenho uma biblioteca grande recheada de livros já lidos: por mim, por meu marido, por meus filhos.
Essa biblioteca, que também é onde fica meu escritório, me enche de alegria. Talvez eu deva o fato de ser apaixonada por livros à minha timidez. Eu era uma menina quieta, envergonhada, estabanada, muito alta muito míope. E bem anti-social.


Maus pais, que sempre gostaram de ler, me incentivaram tremendamente. Eu amava encher mínha cama de almofadas, me acomodar e mergulhar em algum livro que me levasse para longe. Vivi muito no Sítio do Pica-pau Amarelo! Também experimentei a pintura, que larguei após perceber que eu só desenhava meninas de saia até o chão (não sabia desenhar pés), cabelos longos que tapavam as orelhas (que eu não conseguia desenhar de modo algum), e franjas compridas que tapavam o olhos (adivinhem por que…). Os braços… ficavam escondidos nas costas! Tentei cantar, mas até no chuveiro eu escutava meu irmão reclamando do som terrível que eu produzia. Na aula de balé eu estava sempre de um lado quando o resto da turma já voltava do outro. Mamãe teve pena e acabou com meu suplício. Meu negócio era mesmo ler, Ai não tinha erro! A menina tímida cresceu e se transformou numa adolescente tímida, que foi descobrindo novas leituras e se encantou com elas.

Hoje, a adulta que sou, só um pouco menos tímida, conserva a paixão pela leitura. A ela a necessidade de escrever se juntou há bastante tempo. Ainda garota, escrevi muita poesia. E cartas tristes e apaixonadas. Um proresor do colégio onde estudei, Aroldo era seu nome, elogiava minhas redações e tentativas de escrever algo mais que o suficiente para tirar nota razoável. Isso me bastou para começar a rabiscar uns contos e guardá-los ou picá-los, conforme o dia. Por anos e anos. Foi somente ao ser mãe e ousar inventar histórias para meus filhos que resolvi abrir a guarda e expor alguns de meus textos. Comecei a ser publicada e aqui estou! Além de ter publicado 50 livros, fiz parte de júri de concurso de redação, escrevi contos para revista e jornal, contei histórias no parque do Ibirapuera e em bibliotecas, tenho livro considerado “altamente recomendável” pela FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil), tenho livros que entraram no PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), tenho livro que consta do catálogo da Feira de Bolonha.

Participei de dois projetos que me deram muita alegria: escrevi histórias que foram publicadas num jornalzínho dedicado às crianças que freqüentam o Projeto Felicidade (que trabalha com crianças com câncer) e desenvolvi um pequeno projeto que chamei de “Empinando Idéias” que utilizei num trabalho com crianças carentes para cultivar nelas o prazer e o amor à leitura e à escrita. Deste projeto saíram livros criados pela garotada. Sou membro da AEILIJ (Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil). Adoro o que faço. Deixo-me envolver pelas palavras e procuro ser sempre verdadeira – mesmo dentro da “invencionice”. A menina tímida que mora em mim misturada com a adulta um pouco menos tímida que sou recomenda a todos ler de montão. Recomenda aos tímidos, aos reservados, aos agitados, aos extrovertidos, aos quietos, aos barulhentos, aos envergonhados, aos populares… Boas leituras, muitas descobertas, muitas aventuras, muitas emoções a todos ao longo de seus caminhos!